Este artigo é parte da nossa nova série "Material em Foco", onde os arquitetos compartilham conosco o processo de criação através da escolha de materiais que definem parte importante da construção de seus projetos.
A arquitetura da Casa 28 se mostra como uma extensão da paisagem árida e exuberante do Cerrado. Uma variedade de perspectivas se revelam ao caminhar pela casa. Uma família que buscava tranquilidade e conexão com a natureza comissionou esse refúgio urbano localizado à 10 minutos do Congresso Nacional de Brasília. Os ambientes tem alturas diferentes que confirmam uma hierarquia espacial. Extensas paredes, revestidas com argamassa polimérica, definem espaços fluidos e aberturas posicionadas em todas as direções integram as áreas de convivência.Nós conversamos com o arquiteto Samuel Lamas do Equipe Lamas para saber mais sobre as escolhas dos materiais utilizados no projeto e sobre a influência destas escolhas no conceito de projeto. Leia a seguir a entrevista:
Quais são os principais materiais usados no projeto em questão?
SL: Tijolo, Aço, madeira, vidro e ladrilho hidráulico.
Quais foram suas maiores fontes de inspiração e influência quando estava escolhendo os materiais empregados no projeto?
SL: As cores da paisagem.
Descreva como as decisões relativas aos materiais influenciaram a concepção do projeto.
SL: Buscávamos conectar a vivência interna à paisagem. Os janelões de ipê permitem ver a mata por um material que faz parte dela - a madeira. O piso de ladrilho hidráulico é sentido como terra batida, uma continuidade da terra avermelhada do cerrado. O forro de ipê na sala e varanda reforça a conexão com o exterior. As paredes receberam argamassa polimérica, um revestimento composto de materiais naturais na cor areia dourado. Buscamos uma tonalidade que deixasse agradável ao olhar a luz refletida nas paredes externas. O fulget cor de terra em algumas paredes são sentidos como um elemento do jardim que adentra a casa.
Quais foram as vantagens que este material ofereceu para a construção do projeto?
SL: A sensação de pertencimento ao local.
A escolha dos materiais impôs algum tipo de desafio ao projeto?
SL: Buscamos o uso adequado de cada material. Para isso, trabalhamos em parceria com todas as equipes que se dedicaram ao projeto. As soluções da Casa 28 nascem de necessidades reais e todos seus elementos constituem seu funcionamento. Não tem artifícios estéticos. A estética é consequência.
Você chegou a considerar outras possibilidades de materiais para o projeto?
SL: Os materiais foram se revelando enquanto projetava, num exercício mental de imaginar a vivência da casa. Toda a sensação era compartilhada com meu pai, o engenheiro Ruy Lamas, que também oferecia sua visão prática. Decidíamos quando havia consenso.
Como você pesquisou fornecedores e construtores adequados aos materiais empregados no projeto?
SL: Via internet e indicações de quem confio.